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História Postal

Correios recebem carta de 150 anos atrás e fazem descoberta sobre o remetente

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9 de fevereiro de 2020
Correios recebem carta de 150 anos atrás e fazem descoberta sobre o remetente
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| By Matthew Green | January 29, 2020

A única coisa que deixamos depois da morte são memórias – independente de quem sejamos ou façamos. Nosso legado é tudo que continua vivo quando falecemos. Esse é, provavelmente, o motivo pelo qual tantos museus existem – para preservar nossa história. E talvez também existam para que jamais esqueçamos nossa origem, o que aconteceu no passado e, em algumas situações, para que não deixemos que o passado se repita. Porém é inevitável que alguns momentos sejam esquecidos. Entretanto, de vez em quando, algo historicamente novo e inexplorado aparece, fornecendo novas perspectivas. E muitas vezes, esses itens aparecem das formas mais estranhas e inesperadas.

Seria impossível prever o que ocorreu em uma pequena agência de correio no estado de Michigan, nos Estados Unidos, em 2015. Ninguém poderia explicar o aparecimento da carta misteriosa e foi necessário o trabalho de investigadores e superiores departamentais dos Correios dos Estados Unidos, e até o Instituto Smithsoniano ofereceu sua ajuda para solucionar o caso.

A agência de correio

Era 24 de abril de 2015 quando Lori Boes, funcionária dos correios em Newaygo, em Michigan, iniciou sua rotina diária de analisar sua correspondência. Ela percebeu que havia uma carta misteriosa endereçada apenas a “Correios, Newaygo, Michigan 49337”. Ela observou o item por um tempo e depois abriu o envelope. Afinal, o remetente havia endereçado a carta aos correios.

Lori ficou intrigada. Ela nunca havia recebido uma carta endereçada apenas aos correios, sem seu nome. Ela abriu o envelope e o que encontrou lá dentro a levou por uma incrível viagem através da história… 150 anos atrás!

O segredo encontrado por Lori Boes 

Lori Boes abriu o envelope sem precaução. Ela imaginava que seria apenas um envelope comum com um selo perfeitamente legal. Embora ela tenha estranhado que a carta não tivesse um remetente, isso é até normal nas cartas que são enviadas pelos correios.

Ao abrir o envelope, ela ficou inicialmente bem confusa. Hoje, ela admite que teria tomado mais cuidado se soubesse. Porém, como ela poderia saber o que estaria dentro daquele envelope tão simples? Por sorte, a carta dentro do envelope permaneceu intacta. Entretanto, ela aprendeu que, às vezes, podemos encontrar as coisas mais inesperadas e delicadas nas cartas enviadas pelos correios.

História americana

Dentro do envelope havia outro envelope muito mais velho. Ela então percebeu que, sem querer, havia rasgado um pedaço do envelope mais velho ao abri-lo! Se ela soubesse, teria tomado mais cuidado, pois certamente sabia quão frágil é o papel antigo.

Ao investigar a carta misteriosa com mais cuidado, Lori percebeu que o envelope tinha uma imagem de uma batalha. Além disso, as palavras “A Guerra pela União” ainda eram claramente visíveis no envelope. Analisando ainda mais, Lori percebeu que a carta misteriosa deve ter sido enviada durante a Guerra Civil Americana! Ela se sentia muito culpada por ter aberto tão rapidamente o envelope; afinal, ela queria preservar a história americana e esse item em suas mãos poderia ser uma parte valiosa de algo que devesse ser preservado.

Mais de cem anos 

O envelope interior não tinha selo ou remetente. Porém, havia um detalhe que revelava a origem da carta: Norfolk, Virginia. Lori percebeu que o destinatário também estava visível: ‘Orrin W. Shephard,’ de Newaygo County, Michigan. Então, ela começou a entender como a carta havia aparecido em sua agência de correio.

Porém o mistério continuava: como uma carta de 1862 chegou a uma agência de correio moderna? Sem qualquer remetente óbvio, ela não podia descobrir muitas coisas. Ela sabia que precisava de mais informações, então começou a abrir o envelope – dessa vez com muito mais cuidado e também um pouco de nervosismo ao descobrir o que percebeu em seguida…

Mistério duplo

As suspeitas de Lori foram confirmadas – essa carta, com certeza, era da época da Guerra de Secessão! A próxima surpresa era que o envelope misterioso continha diversas cartas. Originalmente, a funcionária dos correios suspeitava que um jovem soldado houvesse enviado essas cartas aos seus pais em sua cidade natal. Então, ela decidiu ler as notícias que o soldado mandou para seus pais durante a Guerra.

Embora fosse incrível, ninguém entendia por que as cartas só haviam aparecido agora. Afinal, parece loucura imaginar que a carta misteriosa havia desaparecido no sistema dos correios por 150 anos! Perplexa, a funcionária dos correios tinha apenas uma certeza: ela precisava investigar essa carta misteriosa. Isso poderia ser uma parte importante da história americana, uma mensagem valiosa de um corajoso soldado tentando acalmar seus pais à distância.

Pedido de ajuda

Agora que Lori já sabia o que tinha em suas mãos, começou a agir com cuidado. Ela cogitou usar fita adesiva para colar as pontas rasgadas da antiga carta, mas mudou de ideia. Afinal, esse poderia ser um verdadeiro artefato americano inestimável!

Ao observar as páginas lado a lado, as cartas pareciam se encaixar como um quebra-cabeça; o soldado havia enviado cartas à sua mãe, pai e irmão mais novo. Lori, de repente, conseguiu entender o que o envelope misterioso continha e concluiu que precisava da ajuda de terceiros para solucionar esse mistério. Morrendo de curiosidade, a funcionária dos correios queria descobrir mais, porém não conseguiria fazer isso sozinha…

O caso ficou mais sério

Impressionantemente, os papeis dentro do envelope misterioso estavam muito bem preservados, e a maior parte das cartas ainda era legível! E que história reconfortante…

Escritas por um soldado solitário há muito tempo, as cartas continham atualizações detalhadas para sua família sobre suas condições, além de expressar sua saudade. Ele era muito novo e, infelizmente, estava lidando com uma situação difícil. Como sabemos, a Guerra Civil Americana foi uma das batalhas mais sangrentas da história do país. Esse jovem soldado demonstrou parte dessa experiência através de suas cartas à sua família, que serviram como um duro testemunho sobre os efeitos da guerra, assim como o estresse pós-traumático sofrido pela maioria dos soldados após o fim da guerra. 

Lori Boes compreendeu a importância da carta misteriosa, e imediatamente decidiu ligar para revelar sua descoberta ao seu chefe.

Entrega em mãos

Lori ligou para seu gerente e explicou a ele o que encontrou. Ela precisava mostrar-lhe a carta, mas não queria correr o risco de mandar o item tão precioso por correio, então decidiu dirigir até o escritório de seu chefe. Ela pegou a chave, correu até o carro, e chegou à cidade de Grand Rapids em 45 minutos. A carta havia sobrevivido todos esses anos, e Lori sabia que precisava proteger seu frágil conteúdo e fazer alguma coisa rapidamente.

Quando Lori chegou a Grand Rapids, seu chefe, Chuck Howe, a aguardava ansiosamente. Afinal, eles podiam ter em mãos uma fascinante e valiosa parte da história dos Estados Unidos.

Autêntica?

Quando Lori entregou a carta misteriosa ao seu chefe, Chuck, ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Apesar de sua animação, ele sabia que uma descoberta tão grandiosa quanto essa exigiria verificação profissional. Afinal, eles eram especialistas em correios, e não historiadores instruídos e qualificados que haviam passado suas vidas estudando a história dos Estados Unidos.

A decisão foi tomada. Chuck procuraria uma forma de autenticar as cartas para descobrir se elas realmente haviam sido escritas durante a Guerra Civil. Os dois estavam muito animados e tinham certeza de que, devido aos pequenos detalhes da carta, ela era verdadeira.

Historiadora dos correios!

Quem diria que os correios têm seus próprios historiadores? Pois é, eles têm! Jenny Lynch, a historiadora oficial dos correios americanos foi chamada por Lori e Chuck para ajudá-los com a carta. Jenny parecia ser uma boa ajudante, considerando seus 20 anos de treinamento e seu emprego como historiadora oficial dos correios americanos desde 2011. Eles sabiam que ela também tinha muita experiência com cartas antigas e históricas.

Assim que Jenny recebeu as fotos que Chuck havia tirado com sua câmera, a historiadora decidiu que eles precisavam da opinião de um especialista na Guerra Civil. Seria possível analisar o tempo de existência das cartas e realizar outros testes para autenticá-las. Um dos maiores museus do mundo seria o local perfeito para isso, e sua equipe adoraria ajudar a solucionar esse mistério.

Smithsonian ao resgate

Desde sua criação em 1846, o maior museu do mundo, Smithsonian, continua preservando e exibindo artefatos históricos, tornando-os acessíveis a todos. Jenny tinha certeza de que encontraria no Smithsonian os especialistas necessários para confirmar a autenticidade das cartas.

De fato, o museu Smithsonian gere até o Museu Postal Nacional, onde trabalham especialistas em correio. Afinal, antes da internet e telefones, as cartas eram a única forma de comunicação existente. Esses especialistas poderiam ajudar com as informações específicas necessárias, uma vez que já haviam visto e autenticado inúmeras cartas históricas valiosas no passado. Então, claramente, o museu concordou em ajudar, mas o que será que os especialistas descobriram?

Provas concretas

A carta misteriosa era autêntica! Lori e Chuck estavam certos! Foi o curador geral do Museu Postal Nacional, Dan Piazza, que autenticou a valiosa carta.

Dan, formado pela Universidade de Syracuse, tinha vasta experiência em história postal. Após analisar as marcas antigas deixadas pelos selos, a tinta, e a caligrafia do soldado, ele concluiu que as cartas eram verdadeiras. Além disso, um especialista em filatelia (o estudo de selos) também certificou a valiosa carta. Não havia nenhuma dúvida! A carta misteriosa era original da época da Guerra Civil. A novidade causou grande animação! Porém, um mistério persistia… Quem havia enviado essa fascinante carta para Michigan? E por quê?

A jornada

Agora que a veracidade da carta misteriosa havia sido comprovada, eles precisavam descobrir quem era o soldado. Felizmente, o Serviço Postal dos Estados Unidos aprovou a continuação da investigação após comprovarem que as cartas eram autênticas. Quanto mais as pessoas se envolviam, mais todos queriam revelar a história do soldado da Guerra Civil.

Entretanto, investigar a vida de Nelson Shepard exigiria um tipo especial de investigação. Chuck, gestor do correio, sabia exatamente com quem falar em seguida. Sabemos que o Serviço Postal dos Estados Unidos tem vários especialistas que lidam com aspectos além da entrega de correspondência. Eles tinham alguém especial em mente, que poderia auxiliar a pesquisa mais especializada. Estava na hora de conhecer o próximo investigador dessa saga…

Batalha de correios

O analista de pesquisa dos correios Steve Kochersperger foi selecionado para participar da equipe que tentava solucionar o mistério da carta, e logo começou a procurar mais informações sobre o soldado da Guerra Civil.

150 anos depois…

É muito mais normal que pessoas tentem localizar seus ancestrais ou descobrir mais sobre seu passado – nesse caso, porém, a pesquisa era inversa! Foram as cartas que iniciaram a importante pesquisa, não um parente aleatório pesquisando sobre a Guerra Civil décadas depois.

Steve Kochersperger era perfeito para o trabalho. Ele inicialmente tentou usar serviços tecnológicos em vez de apenas investigar manualmente usando outros métodos. Muito tempo foi necessário para que pudessem descobrir quem realmente foi Nelson Shephard, por onde havia passado e o que aconteceu com ele.

A confusa história de Nelson Shephard

Steve embarcou em sua descoberta com os detalhes básicos que conseguiu transcrever das preciosas cartas. Quando isso foi descoberto, ele começou a criar uma linha do tempo. Porém, essa tarefa enorme exigia muita pesquisa; e na época da Guerra Civil, sem telefones e computadores, as informações eram armazenadas manualmente. Ou seja, a informação que Steve buscava poderia estar em qualquer lugar do mundo, sob domínio público ou privado.

Para seu alívio, ele descobriu que a maioria dos colecionadores e universidades havia localizado e publicado alguns desses antigos arquivos na internet. Steve, portanto, aprendeu que a internet pode ser muito útil para começar a mapear os eventos contados nas cartas. E essa era a única forma que ele tinha de descobrir mais sobre a envolvente história de Nelson Shephard.

Sobreviventes históricos

Rapidamente, a motivação de Steve para encontrar respostas se tornou pessoal. Ao ler as cartas, ele não podia deixar de se identificar com o soldado. Nelson parecia ser um jovem explorando o mundo pela primeira vez, e Steve ainda se lembrava desse sentimento em sua própria juventude.

E, por ser pai, Steve também se identificava com os pais do soldado. Ele começou a imaginar o sentimento de incerteza daquela época e como deve ter sido difícil garantir que as correspondências fossem entregues durante a guerra. Ele achou as cartas emocionantes, e mal podia esperar para descobrir mais detalhes sobre Nelson e sua vida.

Perguntas e mais perguntas

Steve tinha duas dúvidas principais. Primeiro, ele precisava descobrir mais informações sobre a vida de Nelson; depois, ele deveria determinar o maior mistério: como as cartas foram parar na agência de correio no estado de Michigan.

Ele precisaria começar a investigar do passado ao presente, pois não havia um remetente no envelope. Ele esperava poder localizar alguém que houvesse entrado em contato com esses valiosos manuscritos talvez como parte de uma herança. Afinal, essa era uma forma comum de relíquias do passado aparecerem no presente. Steve foi obrigado a trabalhar apenas com as informações disponíveis, e por isso, cada detalhe era importante.

Confirmação por escrito

Enquanto Steve Kochersperger investigava as inusitadas cartas e as transcrevia, ele notou três padrões distintos de caligrafia. Embora possa parecer estranho para nós, durante a Guerra Civil, isso era bem comum.

A maioria dos soldados durante a Guerra Civil tinha certo nível de educação e eram alfabetizados. Porém, era normal que eles pedissem aos amigos que escrevessem cartas por eles. Isso era feito para garantir que as cartas ficassem mais bonitas, então alguém com uma caligrafia melhor sempre se oferecia para ajudar. Provavelmente, esse costume surgiu, pois as cartas eram consideradas preciosas na época, principalmente se levarmos em consideração o tempo que demorava para os soldados escreverem, além do tempo de entrega!

Prisioneiro

Graças à sua pesquisa minuciosa, Steve descobriu que o soldado havia tido um passado muito interessante antes de se juntar ao exército.  Antes, Nelson surpreendentemente havia sido preso por roubo! Então, havia muito mais a ser descoberto sobre a história do jovem soldado.

Steve também descobriu que Nelson cumpriu sua pena na Prisão Estadual de Jackson, Michigan. Essa chocante informação começou a nortear a linha do tempo de Steve. De acordo com suas descobertas, ele estimou que a prisão devia ter sido aberta em 1839 e que o soldado devia ter nascido em 1843 ou 1844. Habilmente, ele concluiu que Nelson deve ter cumprido sua pena durante a adolescência – antes do início da guerra -, quando seus pais moravam em Grass Lake, Michigan.

Início da batalha

Nelson devia estar morando com sua família quando saiu da prisão antes do início da guerra. Também durante essa época, seus pais se mudaram para White River, e Nelson começou a ganhar dinheiro honestamente trabalhando como operador de um moinho – parecia que Nelson havia aprendido sua lição.

Em 1861, a guerra começou, porém Nelson não se alistou quando o exército buscou voluntários. Talvez sua família tivesse pedido que ele não se alistasse na época, ou talvez ele não estivesse pronto. A guerra não estava afetando Michigan, e de fato nunca chegou ao estado. Então, depois de um tempo, Nelson mudou de ideia, como descobriu Steve.

Uma decisão transformadora

Quanto mais Steve pesquisava, mais informações descobria. Apesar de seu progresso, era um processo tão longo e árduo que às vezes Steve se sentia ansioso. Entretanto, Steve estava determinado a não desistir, principalmente agora que havia chegado tão longe. O projeto era particularmente complicado, pois não era possível entrar em contato com a família do soldado para entender melhor a história do jovem. A tarefa de Steve Kochersperger foi ficando cada vez mais difícil.

Porém, ele não desistiu e, por fim, Steve fez uma repentina descoberta. Nelson havia se alistado em 1862 e fez parte do 26º Regimento Voluntário de Michigan. Sem entender por que Nelson havia decidido se voluntariar, pelo menos Steve tinha as informações concretas para continuar sua investigação. Foi pouco tempo depois, no verão de 1862, que a vida do misterioso soldado mudou para sempre.

Alistamento

Tentando dominar a capital confederada, a União havia perdido duas batalhas de Bull Run. Mesmo em um momento tão desencorajador para a União, muitos ainda acreditavam que eles tinham o objetivo correto. Nelson representou seu otimismo e entusiasmo ao se juntar ao Exército da União.

Nelson Shephard foi um dos 90.000 homens de Michigan que lutaram durante a Guerra Civil. Foi sob o comando do Comandante Judson S. Farrar que Nelson vestiu seu uniforme militar e seguiu para a capital da nação, Washington D.C…

Visita à capital

Primeiro, eles tiveram que ir até Washington D.C., contou Nelson em sua carta. Ele também mencionou que durante sua primeira visita à capital, ele se surpreendeu com o que viu durante os dois dias que teve para conhecer a cidade.

O regimento de Nelson chegou a Washington em 18 de dezembro de 1861, como descobriu Steve em sua pesquisa. Coincidentemente, apenas um prédio, o Smithsonian, localizado no parque National Mall havia sido totalmente construído. Nelson provavelmente visitou o prédio, sem saber que 150 anos depois, suas cartas seriam autenticadas no mesmo local.

Visão espetacular

Em uma carta ao seu irmão mais novo, Nelson garantiu que estava bem de saúde, em segurança e que tudo estava bem. De acordo com suas cartas, ele estava muito empolgado com o trabalho dos urbanistas de construir a metrópole para que ela viesse a ser o que é hoje. Ele descreveu o Capitólio e tudo que viu. Embora materiais mais duráveis estivessem substituindo a madeira, ele conseguia visualizar o resultado ao final do trabalho dos urbanistas.

Ele contou que fazia vigia em Alexandria, no estado de Virgínia, na maior parte do tempo, após ir embora de Washington D.C. As principais informações de suas cartas eram sobre os primeiros dias de seu alistamento. Porém ainda não se sabia quem havia enviado a carta a Lori Boes em 2015…

A ação do Smithsonian

Não foi possível descobrir quem enviou a carta ao estado de Michigan. Porém, quando Steve Kochersperger procurou mais detalhes sobre a vida de Nelson Shephard, encontrou ainda mais informações sobre o soldado. Porém, sua sorte não durou tanto, já que todas as pistas que ele encontrou sobre a origem das cartas eram falsas.

Os colegas de Steve continuaram otimistas e o encorajaram a continuar a investigação. Ao prosseguir com sua pesquisa, o Smithsonian decidiu assumir o projeto. Por fim, eles decidiram ser menos discretos.

Trabalho em equipe

O Smithsonian tinha uma revista e um site com seis milhões de visitantes por ano, um recurso imenso. Trabalhando em equipe, Steve Kochersperger e o museu Smithsonian esperavam encontrar entre todos esses visitantes alguém que pudesse lembrar algum detalhe sobre as cartas ou quem as enviou. As cartas foram publicadas em novembro de 2016 no site e revista do Smithsonian.

Eles precisavam refrescar a memória de todo mundo para encontrar alguém que pudesse se lembrar de mais algum detalhe. Sem deixar qualquer pista de fora, eles publicaram todas as informações que tinham – a história inteira e o conteúdo das cartas foram publicados na íntegra.

Tecnologia

Nem Nelson Shephard nem qualquer pessoa da época da Guerra Civil poderiam ter imaginado a internet. Hoje, podemos apenas imaginar sua reação se descobrisse que agora, 150 anos depois, milhares de pessoas leriam as cartas que ele escreveu. De fato, muitos acharam interessante que o Smithsonian tinha publicado as cartas na internet com a esperança de encontrar a origem da carta misteriosa.

Esperava-se que rapidamente alguém que tivesse mais informações sobre a carta visse a publicação e entrasse em contato. As cartas publicadas receberam bastante atenção, uma vez que milhares de pessoas as compartilharam em outras redes sociais. Embora jamais possamos saber o que Nelson acharia de tudo isso, o público amou as cartas.

Será que o remetente responderá?

A equipe liderada pelo Smithsonian queria saber como as cartas haviam sido preservadas tão eficientemente através dos anos e o que havia feito o remetente enviá-las, fazendo com que chegassem às mãos de Lori Boes. 
Para aumentar a possibilidade de receber uma resposta, o assunto era mantido em alta pela revista do Smithsonian, cuja curadora, Nancy Pope, exigia que o artigo fosse publicado diversas vezes.

Sem nenhuma novidade, o Smithsonian não esperava muito sucesso. Entretanto, continuaram utilizando seu site e redes sociais, publicando as informações que tinham sobre as cartas de Nelson Shephard. Pouco tempo depois, eles tiveram uma revelação, quando o remetente da carta misteriosa repentinamente entrou em contato com a equipe.

Apesar de tudo

Para a equipe, parecia improvável que qualquer pessoa aparecesse e respondesse ao seu apelo por informações, mas muitos leitores foram atraídos ao material publicado. Entre eles, havia uma texana que havia compartilhado algumas informações sobre as cartas de Nelson. Parecia que uma senhora aposentada havia enviado as cartas.

A texana Courtney Cresta explicou que as cartas foram enviadas por sua avó, uma senhora aposentada de 78 anos de idade. Obviamente isso deixou a equipe curiosa, mal podendo esperar para descobrir como a senhora havia obtido as cartas – seja como descendente de Nelson ou outra forma.

Herança familiar

O avô de Courtney era colecionador de antiguidades e artefatos históricos, e tinha essas cartas em sua coleção, então as deixou para Nancy Cramlit, a avó de Courtney, após seu falecimento. Portanto, as cartas eram, de fato, uma herança – só não era da família Shephard.

Quase todos os pertences do avô de Courtney, incluindo as cartas, foram herdados por Nancy após o falecimento do marido em 1978. Por décadas, ela nem mesmo encostou nos itens, pois era difícil demais para ela lidar com os itens colecionados por seu marido durante toda sua vida. As cartas foram esquecidas por muito tempo.

A carta misteriosa após 37 anos

Lentamente, Nancy começou a lidar com a morte de seu marido e começou a mexer nas coisas dele. 37 anos após seu marido falecer, ela encontrou as cartas de Nelson, mas achou que eram cartas que seu marido havia escrito no passado. Porém, após ler as cartas, percebeu que elas haviam sido escritas por outra pessoa.

Com o passar dos anos, Nancy havia doado alguns itens, mas algo assim não seria útil para uma instituição de caridade. Ela não sabia o que fazer com as cartas, então as deixou de lado. Após seis meses, Nancy finalmente decidiu arriscar, esperando que as cartas chegassem à família Shephard.

Nenhum parente de Nelson

Lori Boes conhecia a maioria das famílias da região e descobriu que não restava mais ninguém da família de Nelson Shephard. Embora a esperança de Nancy houvesse chegado ao fim, o Smithsonian usaria as cartas para fornecer alguns detalhes sobre a história dos Estados Unidos, apresentando os pensamentos de um jovem americano que decidiu se alistar ao Exército da União. Então as cartas e esforços não foram em vão. 

Mas restava uma forte vontade de descobrir mais detalhes sobre o destino do jovem soldado Nelson Shephard, uma vez que o mistério do envio das cartas havia sido resolvido.

A continuação da história de Nelson Shephard

Os livros de História e outros registros continham inúmeras informações sobre a Guerra Civil, fornecendo amplo material para que Steve Kochersperger e sua equipe continuassem sua investigação sobre o que aconteceu com Nelson Shephard. A equipe fez inúmeras descobertas sobre as batalhas em que ele participou e onde ele foi parar.

Além da história que continham, os detalhes nas cartas eram incríveis e Kochersperger conseguiu descobrir exatamente o que havia acontecido com Nelson. Juntando as informações das cartas aos registros históricos, a equipe conseguiu produzir uma narrativa verdadeira da vida de Nelson e seu fim.

Carta ao irmão mais novo

A carta que Nelson escreveu para seu irmão mais novo foi muito útil para Kochersperger e sua equipe, os ajudando a entender quanto tempo Nelson havia passado no Exército da União antes de escrever a cartar. Uma dica, por exemplo, foi o fato de que ele perdeu duas ceias de Natal consecutivas com sua família.

Parecia que a maior preocupação do jovem Nelson, de acordo com sua carta para seu irmão Albert, escrita no Natal de 1863, não era perder os presentes de Natal, mas não poder construir trenós para ele. Porém, assim como seus companheiros soldados, ele seguiu cumprindo suas funções, esperando que tudo desse certo no fim.

Nelson em batalha

A primeira experiência do jovem Nelson Shephard em uma guerra de larga escala ocorreu em Suffolk, Virginia, onde ele foi enviado com sua unidade, para servir como parte dos reforços. Ele contou na carta que essa experiência aconteceu em 1862.

Embora deva ter sido uma experiência amedrontadora e emocionante para o jovem soldado, ele teve a sorte de sobreviver à batalha ileso, com saúde e com a capacidade de mandar cartas para casa. Steve Kochersperger analisou os incidentes mencionados nas cartas e outros documentos históricos, e cuidadosamente montou a história de Nelson. E durante o processo, ele encontrou outras anedotas interessantes.

Anedotas curiosas

Nelson escreveu sobre diversas pessoas que conheceu enquanto viajava pelo país com o Exército da União. Nem todas as cartas falavam sobre as batalhas e o Natal. Ele fez observações sobre anedotas interessantes e engraçadas, embora esses trechos não fossem tão úteis à pesquisa de Steve.

Nelson viveu em uma época quando as pessoas não viajavam muito, e muitas passavam suas vidas inteiras em sua cidade natal. Os soldados eram alfabetizados, porém poucos tinham acesso à educação superior. Ele conheceu todos os tipos de pessoas, incluindo uma garota que contava sua idade através do número de vezes que havia plantado milho. Essas experiências deixaram Nelson tão surpreso que ele quis contar para sua família de forma divertida.

Escândalos da cidade grande

Nelson conheceu novas pessoas graças à guerra e ficou impressionado com todos os costumes e maneirismos de quem conheceu em suas viagens. Nelson, vindo de uma pequena cidade, se surpreendeu com a quantidade de álcool consumida nas cidades grandes, como Manhattan. E ele decidiu viver como esses homens, e mulheres, que bebiam muito publicamente, sem medo de se embebedar!

A embriaguez pública também não é universalmente tolerada atualmente. Porém isso não nos surpreende tanto quanto o jovem Nelson. As cartas de Nelson nos dão uma ideia de quão diferentes eram os costumes e normas sociais naquela época, e quão escandalosos eles seriam considerados nos dias de hoje.

Nelson é pego

Nelson Shephard não foi poupado da difícil realidade da guerra, fazendo parte de brigas reais. Para a república e os soldados, foi uma época sombria e sangrenta quanto Nelson foi enviado para lutar em batalhas como Cold Harbor e Wilderness. Após descobrir o regimento de Nelson, Steve Kochersperger poderia continuar revelando mais detalhes sobre a vida do soldado, mesmo sem mais nenhuma carta.

Steve continuou pesquisando até descobrir que Nelson parou de escrever devido à calamidade ocorrida no dia 25 de agosto de 1864. O Exército Confederado capturou a unidade de Nelson e o prendeu com mais 14 soldados, e os levou a um campo de prisioneiros em Salisbury, na Carolina do Sul. Entretanto, a história de Nelson não acaba por aí. Ainda havia mais revelações.

O fim de Nelson

Foi em duras condições que Nelson foi jogado ao meio de 10.000 soldados, presos em um campo de prisioneiros na Carolina do Sul onde cabiam 2.500 prisioneiros. Lá, grande parte dos soldados sofreu de enfermidades. Estando mais suscetível a doenças, assim como muitos outros, e sem boa alimentação, o corpo de Nelson também começou a ceder.ADVERTISEMENT

A história da carta misteriosa recebida por Lori Boes, a funcionária dos correios de uma pequena cidade em Michigan, chegou ao final. Porém o triste final da história de Nelson Shephard, o soldado de 21 anos que faleceu duas semanas antes de seu terceiro Natal no Exército da União, viverá para sempre.

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2 Replies to “Correios recebem carta de 150 anos atrás e fazem descoberta sobre o remetente”

Ulysses Borges Antunes

Excelente. Tudo que se refere a Guerra Civil Americana, acho bastante proveitoso ter conhecimento.
Afinal, no meu modo de ver a América desde seus primórdios com a imigração de seus colonizadores, sua independência e seu povo super patriota e nacionalista é que tornou essa nação uma das maiores do mundo.

Lourdes

Amei, gosto muito de historia e , se estivesse no lugar da moça do correio , faria o mesmo.